Os bolinhos de bolina são, de longe, o meu doce favorito do Natal. Falo sempre deles quando o tema natalícia vem à baila, mas a verdade é que a maioria das pessoas não o conhece (ou então conhece-o com outro nome ou com pequenas variação). Pior: eu nunca sei descrever uma receita, porque faço-os a olho, tal e qual me ensinaram. É algo que fui aprendendo a fazer ao longo dos anos e ainda hoje pergunto sempre a opinião da minha mãe antes de os fritar. A dificuldade está na consistência da massa, que tem muito que ver com a quantidade de água que está ainda na bolina.
Tentei várias vezes apontar a quantidade de ingredientes de forma a ter, pelo menos, uma ideia daquilo que punha na massa. Eis o que consegui:
Ingredientes (valores de referência):
1100g de bolina já cozida
6 ovos (6 gemas, 5 claras)
450g de açúcar
170g de farinha
135g de vinho do Porto
150g de amêndoa
150g de avelã
200g de noz
50g de pinhões
Cozer a bolina (abóbora mais pequena e mais laranja, sendo mais doce) num tacho com um fundo de água e dois punhados de sal. Ter em atenção e ir retirando a água, que a abóbora vai largando naturalmente, para não verter. Quando a abóbora começar a ficar mole e a esfiar, verte-la para um escorredor grande e ajudar com uma colher de pau a desfazer pedaços maiores e a libertar a maior parte da água. Depois, verter o conteúdo para um saco de pano (por exemplo os antigos sacos de pão) e deixar a gravidade fazer o seu papel, durante um dia. Caso queiram, também podem espremê-la com a mão um pouco depois de sair da panela. Convém espremer um pouco mesmo depois de um dia de repouso. A medida de abóbora que consta nos ingredientes diz respeito à abóbora já cozida e espremida.
Colocar numa tigela a massa da abóbora (deve ficar densa) e abrir com 3 ovos. Misturar com as mãos. Depois colocar o açúcar, o vinho e a farinha. O meu conselho é não colocar tudo de uma vez; ir colocando e ver a reação da massa. Ela deve ficar menos densa que no início mas bastante molhada no fim deste processo.
Triturar separadamente os frutos secos (com excepção dos pinhões). Colocar na massa e envolver. Agora sim, a massa vai ficar mais condensada e permitirá fazer bolinhas (tipo bolinhos de bacalhau achatados). Aquecer o óleo na frigideira, experimentar colocar um bocadinho de massa para ver se borbulha - evitando colocar um bolo muito tempo ao óleo, para não ficar ensopado. Encher a frigideira, ir virando os bolinhos à medida que forem ficando dourados/acastanhados e retirar para um prato com papel de cozinha quando estiverem prontos. Deixar escorrer e secar em contacto com o papel.
Por fim, colocar num prato cujo fundo já está com açucar e canela. Ir colocando os bolos, camada a camada, e ir peneirando com a canela e o açúcar.
Nota: para não ficarem tão secos, muita gente gosta de os molhar na calda das rabanadas.
Comprar uma costeleta de porco (também conhecida por piano). Tentar que não seja muito grande - é preferível comprar mais pequenas, várias tiras, do que muito grandes.
Num almofariz fazer a paparoca com óleo, sal, colorau e alho. Colocar, a gosto, piri-piri, tomilho e louro. Esfregar a carne com este tempero e deixar repousar.
Cobrir o fundo da assadeira com gomos de cebola. Colocar a carne e regar com cerveja, whysky e azeite. Colocar as batatas (caso seja esse o acompanhamento preferêncial) - previamente temperadas com sal, azeite, colorau e uma pitada de vinagre.
Tirar do forno quando já estiverem assadas e douradinhas.
Uma das grandes vantagens do Timbale de Frango é que não precisa de acompanhamento: a massa folhada é hidrato suficiente para nos satifazer :) É um prato fácil, versátil e que pode fazer um brilharete numa mesa.
Primeiro estufa-se o frango num estrugido (com azeite, alho e cebola), preferêncialmente na panela de pressão - no caso de ser caseiro é obrigatório, porque é normalmente muito duro. Temperar com sal, vinho branco e folha de louro.
Depois de cozido, retirar a pele e os ossos e desfiar. Se estiver bem cozido, ele já fica naturalmente meio desfiado.
Aproveitar a água de cozer do frango, misturando o frango, a cenoura e o pimento, deixando refogar. Os ingredientes a acrescentar aqui são ao gosto de cada um, garantindo sempre que a misture fique equilibrada - se só se colocar cenoura, a tendência será ficar doce, por exemplo. Outras alternativas são couves, ervilhas, cogumelos salteados... o que gostarmos e existir na dispensa. Juntar caldo knorr para terminar o tempero.
Depois de ter o preparado pronto, forrar uma assadeira em forma de tarte com massa folhada de compra (para este formato, o ideal é ser redonda). Verter o preparado para a forma forrada. Cobrir com outra camada de massa folhada, unindo as bordas com as mãos ou um garfo. Retirar excessos de massa que possam estar de fora da assadeira - facultativamente podem aproveitar-se para fazer rolinhos decorativos, por exemplo. Por fim, espalhar gema de ovo em cima da massa folhada.
Comprar camarão cozido em qualquer superfície comercial. Descascar o camarão e guardar as cabeças.
Fazer estrugido com azeite, alho e cebola. Abrir o estrugido com vinho branco e juntar tomate (pode ser congelado), pimento e uma folha de louro para dar sabor. Depois de aguardar um pouco, colocar as cabeças do camarão e deixar refogar, acrescentando água sempre que necessário. Temperar com sal, picante (se gostarem) e com um caldo de marisco. Deixar apurar.
Depois de apurado, retirar as cabeças do caldo. Espremer as cabeças que saíram, aproveitando a água que delas sai - pode usar-se uma varinha mágica para as desfazer (mas o molho fica mais espesso) ou o passe-vite.
Colocar os camarões e o arroz carolino, de forma a ficar malandrinho. Colocar uma parte de arroz por cada parte de água.
No fim, servir com umas folhas de salsa por cima.
Sugestão: colocar berbigão congelado para dar um toque mais de marisco.
Para ambos os pratos, é necessário cozer primeiramente o polvo - na panela de pressão é mais rápido, numa panela normal demora cerca de 1h30 (ou mais). Ter sempre em conta que o polvo diminui frequentemente para metade do seu tamanho.
Se for congelado, pôr dois dedos de água no fundo de forma a evitar que cole ao fundo. Juntar uma cebola e colocar um cálice de uma bebida branca (whisky, aguardente, gin) de forma a ficar mais tenro. Ir vigiando. Quando o garfo entrar com facilidade, o polvo está cozido.
Para o Arroz de Polvo
Fazer um estrugido com azeite, cebola e alho. Colocar o polvo. Acrescentar água (pode usar-se parte da água de cozer o polvo, que dá mais paladar - no entando, é preciso ter cuidado com o sal, uma vez que muitas vezes esta água está extremamente salgada). Temperar conforme necessário. Colocar o arroz (carolino, de preferência, caso seja arroz malandro). Para arroz malandro, colocar duas medidas de água para uma de arroz; para arroz seco, uma medida de água para uma de arroz.
Para o Polvo Assado com Batata a Murro
Forrar o fundo da assadeira com azeite, alho e salsa picados. Misturar polvo no molho, colocar na assadeira e pôr no forno.
Para fazer as batatas a murro: dar um golpe (no sentido do interior da batata) em cada batata. Pôr um copo com água no microondas, a acompanhar as batatas, e deixar cozer uns 5 minutos - ir verificando mais para o fim do tempo se as batatas já estão cozidas. Quando estiverem prontas, tirar com cuidado do microondas, dar um murro em cada uma com a ajuda de uma colher de pau (de forma a ficarem esborrachadas sem nos queimarmos) e envolver no molho da assadeira. Devem ser colocadas ao mesmo tempo que o polvo.
Ingredientes (quantidades dependentes do gosto e do tamanho do peixe e da assadeira):
Peixe
Cebola
Alho
Salsa
Louro
Bacon
Banha de porco
Azeite
Vinho branco
Batatas
Colorau
Sal e picante
Vinagre
Preparação:
Começar por fazer uma cama de cebola, alho, salsa e louro no fundo da assadeira. Colocar o peixe na assadeira, fazendo alguns golpes no seu lombo. Pôr pedaços de bacon e de banha dentro dos golpes e da cavidade central. Pôr colorau no topo. Regar com vinho branco e azeite.
Antes de colocar no forno, colocar as batatas. Temperar as batatas com colorau, sal e vinagre. Regar tudo com azeite no final.
Esta sobremesa é óptima para os dias quentes de verão, por todas as razões e mais alguma: faz-se rápido e sem recurso a forno, é feita com ingredientes básicos e é fresca mas não derrete com o calor. Foi a Cidália, a senhora que trabalha aqui em casa, que me ensinou e todos estamos viciados (miúdos e graúdos). Há ainda duas vantagens extra: os ingredientes são todos baratos e a sobremesa é versátil, podendo ser feita com ananás ou pêssegos, por exemplo.
Ingredientes:
1 pacote de gelatina de morango (ou do sabor do fruto escolhido)
1 pacote de natas Longa Vida
4 colheres de sopa de açúcar (medida a gosto, dependendo também do doce da fruta usada)
2 folhas de gelatina
2 mãos cheias de morangos (medida a gosto, podendo ser também outro fruto)
Preparação:
Fazer a gelatina conforme as instruções, refrigerar e reservar - só utilizar quando esta estiver pronta e firme. (Dica: fazer na noite anterior)
Depois da gelatina de morango pronta, demolhar as folhas de gelatina (no verão em particular convém faze-lo em água bem fria, depositando as folhas uma a uma - não as duas "coladas"); aguardar cerca de cinco minutos, escorrer as folhas e derrete-las no microondas (cerca de dez segundos). Bater as natas com o açúcar, fazendo chantilly, e no fim envolver ligeiramente com as folhas de gelatina derretidas. Reservar.
Cortar a fruta em pedaços bem pequenos (entre um a dois centímetros) e recortar a gelatina em quadrados, remexendo depois com uma faca ou um garfo para a desfazer, tornando-a quase numa "papa".
Verter a gelatina e a fruta para o recipiente com as natas. Com a batedeira, misturar tudo até que fique uma mistura homogénea (ainda que com pedaços). Refrigerar e comer quando o preparado já estiver mais firme
Eu gosto muito de doces com maça: adoro tartes de maçã, apfelstrudel, bolos de maçã, crepes de maçã. E este bolo, um dos meus preferidos, é uma junção destas duas coisas: é um bolo mas tem um toque a crepe, devido à guarnição que leva já depois de estar no forno.
Este não é um bolo para todos: normalmente fica com uma textura recozida, devido à humidade das maçãs, e o sabor a ovo no cimo também não é agradável a todos os palatos. Para além disso, não o aconselho para uma festa ou cerimónia: não é, por regra, um bolo bonito - fica escangalhado, um bocado torto. Mas o sabor compensa imenso e é tão rápido e fácil de fazer que se torna o doce perfeito para aqueles dias em que não há muito tempo nem vontade mas o estômago grita por algo delicioso. Como é só juntar e misturar ingredientes, faço-o numa liquidificadora.
Não se assustem se o bolo não crescer muito: ele é mesmo assim. E a dose é pequena, não usem formas muito largas. Se duplicarem a receita, coloquem só um pouco mais de óleo de coco e não o dobro, senão fica demasiado gorduroso - e a guarnição, a menos que mudem de forma, também não precisa de ser duplicada.
Ingredientes:
5 colheres de sopa de farinha
4 colheres de sopa de açúcar
2 colheres de sopa de óleo de coco (podem trocar por óleo normal, mas posso garantir que o resultado final não sabe a coco)
4 colheres de sopa de leite
3 ovo
2 maças (o tipo é à vossa escolha - a quantidade depende também do tamanho da forma)
1 colher de chá de fermento
1 pitada de sal
Guarnição
1 ovo
2 colheres de sopa de açúcar
30 gr de manteiga
Modo de preparação:
Pré-aquecer o forno a 180º. Misturar os ingredientes secos: a farinha, o açúcar, o sal e o fermento. Bater os ovos inteiros e ir juntando o preparado anterior (não deitar tudo de uma vez). Depois, juntar o leite e o óleo de coco. Verter a massa para uma forma untada e polvilhada e colocar por cima as maças, cortadas em fatias finas (eu, normalmente, faço o bolo numa forma de bolo inglês, o que faz com que não leve muitas maçãs; se fizerem numa forma redonda, terão provavelmente de aumentar o número de maçãs. A disposição com que as põem é indiferente, mas eu gosto de as encastelar). Colocar no forno durante cerca de meia hora/40 minutos - quando o palito estiver seco e o bolo dourado, é quando está pronto a sair.
Depois do bolo estar no forno, preparar a guarnição. Derreter a manteiga, deixa-la arrefecer um pouco, e depois juntar o ovo e o açúcar. Mexer bem. Cerca de 15 minutos antes do bolo sair do forno (quando já estiver mais crescido mas o topo ainda não totalmente cozido) deitar esta mistura sobre o topo.
Uma das refeições que mais adoro fazer é peixe ao sal! Há muita gente que não conhece esta forma de fazer peixe (eu, pelo menos, só a via em restaurantes mais caros e com peixes de grande porte), mas é óptima forma de cozinhar porque o peixe não perde a sua "água natural", fica suculento e não absorve todos aqueles molhos terríveis à base de óleos que lhes pomos quando os assamos no forno. Para além do mais, é uma receita barata (tirando o preço do peixe, que vai variar consoante o que escolherem), faz-se super rápido e dá para servir quantas pessoas quiserem, consoante o tamanho do peixe.
Eu costumo fazer com douradas e robalos - quando maior o peixe for, menor será o risco de ele "secar". Ainda assim, eu faço muitas vezes um peixe pequeno para comer sozinha, e ele sai igualmente suculento e saboroso! Tenham o cuidado de referir na peixaria que o peixe vai ser feito ao sal, para não lhe retirarem as escapas, o que vai permitir que ele não absorva o sal - a única coisa que lhe vão fazer vai ser retirar as tripas.
Ingredientes (para um peixe para uma só pessoa):
- peixe (robalo, dourada, sargo...)
- 700g de sal marinho
- 2 claras
- 4 raminhos de salsa (sem caule)
- 2 dentes de alho
- 1 folha de louro
- azeite q.b.
Preparação
Começar por pré-aquecer o forno a 200º. Lavar a salsa e a folha de louro e retirar a pele dos dentes de alho e esmaga-los com a ajuda de uma faca. Dobrar a salsa ao meio e coloca-la dentro do peixe (no local onde estavam antes as estranhas); tenham o cuidado de as empurrar para baixo e não se limitem a pô-las na parte que está aberta, de modo a "cobrir toda a área". Acrescentem depois a folha de louro e os dentes de alho. O peixe está assim pronto.
Colocar o sal numa tigela e acrescentar as claras - não ao mesmo tempo, mas uma a uma, para ir vendo a textura do sal. Misturem com as mãos. A textura ideal é ficar como areia molhada, notando-se alguma consistência entre os grãos mas que não fiquem totalmente colados pela viscosidade da clara. Acrescentar sal se a mistura ficar demasiado viscosa.
Num tabuleiro, fazer uma cama de sal - só com o tamanho suficiente para "deitar" o nosso peixe, não é preciso cobrir o tabuleiro todo em partes onde o nosso peixe nunca chegará. A camada de baixo não precisa de ser muito espessa - gastem a maior parte do sal na parte superior. Deitem o peixe sobre a cama e deitem uns fios de azeite por cima dele (fazer este passo só caso o peixe seja pequeno, de modo a não secar - quando é grande, não é necessário). Por fim, cubram-no com o resto do sal e "apertem-no" bem em direção ao peixe, de forma a que este fique bem "acomodado" na cama de sal. De frisar que a cabeça não precisa de estar coberta.
Levar ao forno e esperar que a camada de sal fique dourada (deverá demorar mais ao menos meia hora). Retirar do forno. A cama de sal deverá estar muito dura e a melhor forma de a retirar é bater inicialmente com um martelo de cozinha para partir a casca em pedaços grandes e só depois é que se deve ajudar com uma espátula ou faca. O resultado desejado é que o peixe saia exatamente como entrou e que, já no prato, a pele saia sem qualquer dificuldade (pode acontecer sair quando o estamos a tirar do sal, o que não tem mal - tenham apenas cuidado em não deixar muito sal ir para cima da parte desprotegida, de modo a não salgar o peixe).
Eu gosto de comer sem nada, mas podem acompanhar com batata cozinha e um fio de azeite.